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Biografia

Fabiana Cozza é uma cantora negra-mestiça, professora, pesquisadora, poeta, que adora cozinhar.

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Nasceu numa noite de sexta-feira, na capital paulista, em 1976. Desde menina apaixonou-se pelo samba por influência do pai, Oswaldo dos Santos, ex-intérprete de samba-enredo na escola Camisa Verde e Branco, situada num dos bairros considerados berço do samba paulista, a Barra Funda. Cresceu em meio a rodas de música no quintal da casa de sua avó materna, dona Amélia, no bairro da Vila Madalena, visitas à quadra do Camisa Verde, as reuniões das primas embaladas por violão e sanfona no interior paulista, os cânticos litúrgicos da igreja católica, os festejos populares e seus repertórios juninos, cantigas do congado, de reis, a escuta de álbuns de grandes nomes da música brasileira e do jazz americano especialmente. 

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Amante de Alcione, Ella Fitzgerald, Chet Baker, Emilio Santiago, Elizeth Cardoso, Milton Nascimento, Leny Andrade e tantos outros, Cozza aproximou-se das artes de forma objetiva e mais intensa aos 19 anos quando ingressou na Universidade Livre de Música Tom Jobim, atual EMESP, iniciando seus estudos e despertando seu interesse também pelo teatro, a dança e a prática vocal. O primeiro contato profissional deu-se pelas mãos da cantora paraense Jane Duboc com quem trabalhou por um ano no grupo vocal NovElla (1996/1997).
 

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Na performance e no teatro, tem os diretores e atores Elias Andreato e Linda Wise (Pantheatre de Paris) como seus principais mentores. Entre 2000-2010 trabalhou com destacadas personalidades do teatro brasileiro como Gero Camilo, Iacov Hillel, Marcos Faustini, Heron Coelho, tendo se dedicado também ao estudo do movimento e das práticas corporais com Jorge Balbyns, JC Violla, Irineu Nogueira e Monica Monteiro.

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Estudou com diversos e importantes professores de canto: Tuca Fernandes, Sira Milani, Maúde Salazar, Felipe Abreu, Davide Rocca, Vania Pajares, Linda Wise, bem como com a fonoaudióloga Dra. Marta de Assumpção de Andrada e Silva.

Em 1999, surgiu a primeira oportunidade para registrar sua voz como solista. O convite partiu do compositor paulistano Eduardo Gudin com quem Cozza trabalhou integrando a segunda formação do grupo vocal Notícias dum Brasil gravando o álbum Pra tirar o chapéu.

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O caminho artístico também foi pavimentado nos musicais em que atuou: Os Lusíadas com direção de Iacov Hillel e Magda Pucci; A luta secreta de Maria da Encarnação, última peça escrita por Gianfrancesco Guarnieri com direção musical de Renato Teixeira e Nathan Marques; O Canto da Guerreira - 20 anos sem Clara Nunes; Ary Barroso; Rainha Quelé - uma homenagem a Clementina de Jesus, com direção de Heron Coelho. Foi dirigida pelo ator e diretor Gero Camilo em Razão Social (2016) e por Luiz Fernando Lobo em Canto Negro (2019). Desde 2015, os projetos pessoais têm a supervisão do ator Elias Andreato com destaque para Ay, Amor! (Canto teatral para Bola de Nieve – 2015 e 2018 – DVD realizado em Havana, Cuba) e Canto da noite na boca do vento (canções de Ivone Lara e parceiros - 2019).
 

Em 2023, Cozza completou 25 anos de carreira celebrando 9 álbuns, três DVDs, o livro de poemas Álbum Duplo (editora Pedra, Papel, Tesoura), dois títulos pelo Prêmio da Música Brasileira (2013 – Melhor Cantora de Samba; 2018 – Melhor Álbum em Língua Estrangeira por Ay, amor!), o lançamento do álbum Urucungo em homenagem a Nei Lopes e uma trajetória que conta com projetos artísticos, colaborações e parcerias das quais se orgulha. Dentre elas, destaca o encontro com artistas – músicos, compositores, arranjadores, maestros, escritores, cantores brasileiros e estrangeiros que ampliaram e influenciaram diretamente sua atuação artística, seus pensamentos e percepções: Zimbo Trio, Omara Portuondo (Cuba), Emicida, Marcelino Freire, Orquestra Jazz Sinfônica Brasil, Nei Lopes, Dona Ivone Lara, Roque Ferreira, Olivia Araújo, Zelia Duncan, Wilson das Neves, Paulo Cesar Pinheiro, Sadao Watanabe (Japão), Pepe Cisneros (Cuba), Wilson Moreira, Virgínia Rodrigues, Tiganá Santana, Paulão 7 Cordas, Samba da Vela, Áurea Martins, Monica Salmaso, Swami Jr., Julio Padrón (Cuba), Paul Winter (EUA), Eugène Friesen (EUA), Luizinho 7 Cordas, Zé Barbeiro, Hr Big Band (Frankfurt), Arismar do Espírito Santo, Gilson Peranzzetta, Leny Andrade, Rappin Hood, Sergio Pererê, Mauricio Tizumba, Titane, Guinga, Henrique Araújo, Douglas Alonso, Fi Maróstica, Patrícia Bastos, Yaniel Matos (Cuba), Marina Íris, Vanessa Moreno, Germano Mathias, Salloma Salomão, Fabio Torres, Balada Literária, Mú Mbana (Guiné Bissau), Alessandro Penezzi, Tulio Mourão entre outros.

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Fabiana Cozza é graduada em Comunicação Social pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP) tendo exercido a profissão de jornalista por oito anos, em diferentes mídias.


Em 2017, retomou os estudos acadêmicos na PUC-SP tornando-se mestra em Fonoaudiologia (2019). Atualmente é doutoranda no Instituto de Artes da Unicamp com uma pesquisa que relaciona a voz e o tambor no trabalho técnico com cantores.
 

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AFRO-BRASIL RELUZENTE

100 PERSONALIDADES NOTÁVEIS DO SÉCULO XX

Nei Lopes

Civilização e comprometimento

 

Em uma de suas acepções, o vocábulo "civilização" é definido como o conjunto dos modos de viver e pensar de uma sociedade. E isso implica dizer que todo o conjunto de mecanismos organizacionais que os indivíduos de um grupo social criam, em seu esforço coletivo para controlar a vida, constitui "civilização". Em outro sentido, sobretudo em relação a um ser humano, a palavra pode ser usada para assinalar em uma pessoa o conjunto de seus predicados em termos de vivência intelectual, artística, moral, social e política; qualidades essas que, acima de tudo, tornam civilizada uma pessoa, nos diversos caminhos de sua experiência existencial.

 

Fabiana Cozza dos Santos, cantora, atriz, poeta e professora, nasceu na cidade de São Paulo, em 1976. Filha de pai negro, origem mineira, e neta, pelo lado materno, de avó italiana, imigrante e lavradora no interior paulista. Sua mãe é professora formada em pedagogia pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP) e seu pai é economista pela mesma instituição. Mas além de suas atividades profissionais, o pai, Oswaldo dos Santos, é um homem do samba, ligado à Camisa Verde e Branco, tradicional agremiação paulistana, na qual foi compositor e "puxador" em desfiles passados. Estudante em escola pública dos 6 aos 14 anos e depois em colégios particulares, Fabiana foi praticamente criada pela avó, sendo batizada e crismada na Igreja Católica, antes de o budismo e o candomblé surgirem como escolhas filosóficas e existenciais. Mas credita aos professores que teve no seu período pré-universitário muito de sua formação. Ressaltando, entretanto, que "régua e compasso", mesmo, para chegar aonde chegou e olhar o mundo de forma coletiva, quem lhe deu foi o samba.

 

Na adolescência de Fabiana, dois programas de adulto eram frequentes: ir à quadra da escola de samba Camisa Verde e Branco, no bairro paulistano da Barra Funda, e receber o samba em sua casa, na Vila Madalena. A menina adorava ambos. Os contemporâneos do seu pai na agremiação, que hoje integram a Velha Guarda da escola, acompanharam a mocinha virar adulta e se tornar cantora e atriz. "É nossa grande herdeira", já afirmou um deles, Melão.

 

A trajetória na música popular teve início na década de 1990, como integrante de um grupo vocal liderado pela cantora Jane Duboc. E sua discografia foi aberta com o CD O samba é meu dom, de 2004, no qual a cantora se destacou pela voz encorpada, pela dramaticidade de suas interpretações e seu assumido compromisso com a tradição do samba. Em 2007, abordando o universo das canções litúrgicas afro-brasileiras sem se afastar do gênero-mãe, lançava o CD Quando o céu clarear, saudado como um dos melhores lançamentos do ano. Depois vieram Fabiana Cozza (2011), Canto Sagrado - Ao vivo (2013), Partir (2015), Ay amor! (2017) e Canto da noite na boca do vento (2019), com 13 canções de autoria de Dona Ivone Lara e seus parceiros e a inédita "A dama dourada", de Vidal Assis e Hermínio Bello de Carvalho.

 

 Paralelamente à carreira artística, Fabiana estudou canto popular, teoria musical e prática de conjunto na Escola de Música do Estado de São Paulo, EMESP (2001); fez a graduação em comunicação social - jornalismo pela PUC-SP (2012); e mestrado em fonoaudiologia pela mesma universidade, com a tese "O canto em Linda Wise: ação imaginativa e interpretação", defendida em 2019. Nesta área, como professora e criadora da oficina "Corpo da voz", Fabiana tem sido convidada a orientar alunos que, curiosamente, não são cantores, mas profissionais de diferentes áreas que enxergam na voz uma maneira de se expressar. Esse trabalho sugere aos participantes descobrir/despertar sua própria voz através de uma investigação do corpo, das sensações e emoções que nascem a partir da ação, explorando a corporeidade do intérprete.

 

Ainda em outra área (no entanto, paralela) de atuação, Fabiana Cozza surpreendeu, em 2017, com a publicação da coletânea de poemas Álbum duplo. Neste volume ela reverencia sua ancestralidade real e espiritual, entrelaçando referências afro-brasileiras e afro-cubanas definidoras, da mesma forma que já fizera no CD Partir. Sobre sua poesia, em um texto mais que perfeito, o também "afrorreluzente" Chico César, igualmente grande músico e poeta, na orelha do livro, escreveu "Chega a ser perturbador o seu domínio sobre a palavra, tanto em língua portuguesa quanto em espanhol. É impossível não pensar em Ana Cristina César ou Florbela Espanca. A forma de trazer o assunto, insinuá-lo, expô-lo, transpô-lo. Sem mineirismos nem a pressa de quem busca o efeito e se perde no processo. O resultado é quase sempre enxuto, econômico..."

 

Econômico, mas elegante. Um banho de civilização!

CONTATO

Agô Produções

Marcos Ramos - Gestão de Carreira

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